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quinta-feira, 29 de março de 2012

AMOR EM AUTO-RETRATO




Ah! Se tu ao menos uma só vez
Todo silêncio destas minhas mãos
Viesses permitir que nessa tua tez
Falassem desta paixão sem restrição.

Se tu no contorno dos meus seios
Viesses neles descobrir suas vertentes
E desta grã chama sem culpa e receios
Tu fosses deste meu prazer o consulente.

Ah! Se tu te soltasses como o leve vento
Nas curvas deste meu querer contundente
E da minha pele fosses o gozo dum momento
E os minutos fugazes destes gritos dormentes.

Se tu negasses o lado do homem endurecido
E ora no meu corpo tu fosses apenas menino
Provarias este vinho de êxtase já adormecido
Guardado em tua alma em um tempo uterino.

Ah! Se tu ao menos e somente por uma vez
Viajasse junto a este meu corpo ao infinito
E visses meus sonhos-segredo de insensatez
Talvez descobrisses o verso de amor bendito.

Se tu se permitisses livre ser acorrentado
Por este sentimento que em espaço abstrato
Uni dois corações sem a sombra do pecado...
Verias luz neste fado e o amor em auto-retrato.



Um comentário:

  1. "É aqui o prazer exacto,
    o fulgor do desejo,
    a carícia impura,
    onde a língua tem sabor a sal
    e o vício acende
    o corpo do poema."


    Beijos,
    AL

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Agradecida por sua gentil visita.